A tese defendida pelo Doutor em Ciência do Solo (UFV) e membro do grupo Terrantar Danilo Mello e colaboradores parceiros, foi planejada e executada visando dois grandes estudos pioneiros e inovadores na Antártica Marítima (AM) e Peninsular (AP), resultando na publicação de quatro artigos em revistas de alto impacto nas áreas de ciência do solo e ciências ambientais. Além disso, na última quinta-feira (11/09), a tese trouxe novas conquistas, sendo escolhida como melhor Tese para o Prêmio Ciência do Solo Victor Hugo Alvarez da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS).
O estudo foi dividido em duas grandes frentes de investigação. A primeira, investigou os solos e os processos de superfície (intemperismo, pedogênese e dinâmica geomorfológica) em áreas livres de gelo, utilizando técnicas geofísicas combinadas (método radiométrico e magnético), integradas a dados analíticos de solos, geologia, sensoriamento remoto e algoritmos de aprendizado de máquina para inferir a intensidade e como os processos mencionados ocorrem em superfície e em profundidade nos solos. Destaca-se como um dos principais produtos a realização do primeiro mapa ultra-detalhado gamaespectrométrico e de susceptibilidade magnética dos solos e substratos litológicos da Antártica usando sensores próximos por meio de mapeamento digital.
A segunda frente de pesquisa analisou um extenso banco de dados legado de solos, integrado a informações de terreno, variáveis bioclimáticas e algoritmos de aprendizado de máquina. O objetivo foi predizer, quantificar e mapear os estoques de carbono orgânico (SOC-Stocks) no presente e em três cenários futuros baseados em projeções do IPCC. Os resultados surpreenderam: ao contrário do que ocorre no Ártico, onde o descongelamento do permafrost libera carbono para a atmosfera, os solos da Antártica Marítima e Peninsular tendem a se comportar como sumidouros de carbono, absorvendo CO₂ atmosférico e reforçando a importância do continente para o equilíbrio climático global.
Com caráter multidisciplinar e inovador, a tese integra geofísica, pedologia, geomorfologia e inteligência artificial, reduzindo incertezas científicas sobre os impactos das mudanças climáticas na Antártica. Além disso, fornece subsídios estratégicos para ações de conservação e gestão ambiental, contribuindo para aprimorar modelos globais de previsão climática e reforçando o papel singular do continente na regulação do clima da Terra.
Com suas palavras, Danilo descreve seu sentimento pela conquista:
“Em relação ao trabalho, sinto-me profundamente satisfeito e prestigiado, pois tive a oportunidade de investigar exatamente o que sempre almejei no doutorado: diferentes tipos de solos, com processos distintos em sistemas naturais, em uma Instituição de referência e tradição na área que escolhi, contando ainda com a valiosa orientação de duas grandes autoridades no assunto, os professores Carlos Schaefer e Márcio Francelino.
Em relação ao Prêmio Victor Hugo Alvarez, sinto-me honrado por ter minha tese reconhecida como um trabalho de excelência na produção científica em Ciência do Solo. Este reconhecimento carrega ainda mais significado por estar associado ao nome de uma figura marcante na história do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa e da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, lembrado por seus pares como um pesquisador dedicado, inovador e formador de gerações.”